O Ruanda alargou os seus interesses comerciais em Cabo Delgado, uma vez que a empresa privada de segurança do país ligada ao partido no poder estabeleceu operações.
A empresa ISCO, uma subsidiária da Macefield Ventures, um braço internacional da Crystal Ventures, que por sua vez é o braço comercial da Frente Patriótica de Ruanda – o partido governante do presidente Paul Kagame deve concorrer a contratos com o projeto de GNL liderado pela TotalEnergies.
A ISCO, empresa de segurança privada que já opera em Ruanda e no Zimbábue, é composta em grande parte por ex-membros da polícia e militares de Ruanda, segundo fontes bem informadas.
As observações de Zitamar dizem que as revelações vão alimentar as suspeitas persistentes de que a intervenção do Ruanda em Cabo Delgado não é apenas uma assistência de caridade para a operação de contra-insurgência de Moçambique, mas que o país – ou pelo menos a sua elite política – vai querer algum quid pro quo.
O desenvolvimento ocorre depois que o presidente Kagame garantiu ao presidente Filipe Nyusi que as forças de Ruanda estão em Cabo Delgado para ficar, pelo menos até Moçambique controlar a situação.
No entanto, o estabelecimento da ISCO na província levanta a possibilidade de que as forças do governo de Ruanda possam, com o tempo, ser substituídas por seguranças privadas ruandesas – embora pertencentes ao partido no poder – o que poderia simplificar algumas coisas, tanto para as empresas de energia que precisam contratar segurança, e para o governo de Moçambique que está a enfrentar questões sobre as implicações para a soberania nacional de ter um país estrangeiro a proteger o seu território.
Entretanto, o regime do Presidente Nyusi também tem outros aliados regionais em que pensar. Na edição desta semana do Cabo Ligado, é noticiado que a Tanzânia enviou tropas para Moçambique fora da missão do bloco regional SADC, mas ao abrigo de um acordo bilateral.
O relatório observa ainda que é improvável que a Tanzânia seja indiferente à presença contínua de Ruanda do outro lado de sua fronteira sul – especialmente porque a Tanzânia se aproxima de monetizar suas próprias reservas de gás da Bacia do Rovuma.