Moçambique está prestes a tornar-se um gigante da energia africana com um plano surpreendente de 80 mil milhões de dólares revelado esta semana. O ambicioso projecto visa explorar o imenso potencial do poderoso rio Zambeze, o quarto mais longo de África, e impulsionar a nação para um futuro mais verde e mais industrializado.
No centro da estratégia está uma expansão maciça da capacidade hidroeléctrica. O governo pretende adicionar impressionantes 14.000 megawatts (MW) à rede nacional, estando a maior parte deste desenvolvimento prevista entre 2030 e 2040. “Moçambique tem vastos activos energéticos”, declarou o governo na sua Estratégia de Transição Energética de 60 páginas, adquirida por Bloomberg. O Ministro da Energia, Castigo Langa, fez eco deste sentimento, afirmando: “A utilização estratégica destes recursos pode funcionar como um trampolim, lançando-nos em direcção a uma economia industrializada de rendimento médio.”
O Zambeze não será a única fonte do futuro poder de Moçambique. O plano incorpora um impulso significativo em direção às fontes de energia renováveis. Está definida uma meta de 7.500 MW de geração de energia solar, prevendo-se que a energia eólica contribua com mais 2.500 MW. Esta abordagem multifacetada é crucial para Moçambique, não apenas para a segurança energética, mas também para a sustentabilidade ambiental.
“A descarbonização é um pilar fundamental desta estratégia”, explicou a Dra. Anabela Chissano, uma proeminente cientista ambiental da Universidade Eduardo Mondlane. “Afastar a nossa nação dos combustíveis fósseis e de fontes não confiáveis, como a lenha, terá um impacto profundo no nosso meio ambiente e na saúde pública.”
O ambicioso projecto suscitou comparações com planos semelhantes implementados pela África do Sul, Senegal e outras nações em desenvolvimento. Coletivamente, estas iniciativas garantiram impressionantes 47 mil milhões de dólares em compromissos por parte dos países desenvolvidos.
No entanto, os desafios permanecem. A escala do projecto exige um investimento significativo e a estabilidade política é fundamental para garantir a sua boa execução. “A corrupção e a má gestão prejudicaram o desenvolvimento de Moçambique no passado”, advertiu o analista político Thandeka Ncala. “A transparência e a boa governação serão essenciais para garantir o sucesso deste plano transformador.”
Apesar dos obstáculos, a reforma energética de Moçambique apresenta um farol de esperança. Ao aproveitar o poder do Zambeze e ao abraçar as energias renováveis, a nação tem o potencial para iluminar não apenas as casas, mas todo o seu futuro económico.