Moçambique voltou para o Fundo Monetário Internacional para pedir 286 milhões de dólares numa emergência para ajudar a proteger a economia depois de que a moeda perdeu quase um terço de seu valor. Os fundos estão vinculados a um programa de 18 meses que o governo deve implementar para ajudar a trazer a estabilidade para a economia na sequência da queda acentuada nos preços das matérias-primas, disse, esta quinta-feira, o credor com base em Washington, num comunicado. A política inclui a contenção do défice orçamental, o aumento das taxas de juro a melhorar a forma do funcionamento do mercado cambial. “Enquanto as perspectivas de médio prazo permanecem positivas, os desafios a curto prazo tornaram-se mais complexos “, disse o FMI. “Tal como os outros países da região, Moçambique está actualmente a atravessar um choque externo associado com a queda nos preços da matéria-prima, menor crescimento dos parceiros comerciais e atrasos no investimento associado a grandes projectos de recursos naturais.” O metical de caiu 29 por cento em relação ao dólar este ano, o segundo pior desempenho das mais de 30 moedas africanas monitorados pela Bloomberg depois da Kwacha zambiano. O Banco de Moçambique aumentou a sua taxa de juro de referência em 25 pontos-base para 7,75 por cento no dia 14 de outubro, o primeiro aumento desde novembro de 2011. O empréstimo do FMI está sujeito à aprovação pelo Conselho de Administração, que se deve reunir nos meados de Dezembro.
Perspectivas de Crescimento
O FMI disse que a economia de Moçambique provavelmente irá aumentar em 6,3 por cento este ano, mais baixa do que a projecção do Banco Central de 6,5 por cento e a previsão do Governo de 7,5 por cento. O crescimento deverá atingir 6,5 por cento em 2016, de acordo com o credor.
“Tendo em conta o contexto económico e fiscal, o acordo com o FMI será um sinal positivo”, disse Anne Fruhauf, Vice-presidente e Conselheira sobre Riscos da Teneo Intelligence sediada em Nova Iorque, num correio electrónico de perguntas e respostas. “Vai dar ao FMI uma maior influência sobre a gestão fiscal, embora isso possa representar desafios políticos uma vez que o projecto orçamental de 2016 pressupõe um crescimento maior do que o do FMI e parece ficar aquém sobre os compromissos da consolidação orçamental.”
As receitas das exportações caíram 4,2 por cento no primeiro semestre do ano em comparação com o mesmo período em 2014, disse o Banco Central num relatório em 27 de Outubro. As reservas internacionais caíram de 25 por cento para 2,3 bilhões de dólares desde o final do ano passado, cobrindo 3,4 meses das necessidades de importação. O aumento dos gastos com pagamentos de juros da dívida contribuíram para o esgotamento das reservas, referiu o Banco Central. As perspectivas económicas para Moçambique agravaram-se este ano, com as empresas de classificação de crédito terem “punido a emissão imprudente da Ematum de 2013 em 850 milhões de dólares com rebaixamentos soberanos”, disse Fruhauf. A Moody’s Investors Service cortou a classificação de Moçambique no dia 8 de Agosto, de B1 para B2, mantendo uma perspectiva negativa. A Empresa Moçambicana de Atum SA, ou Ematum, que foi criada como uma empresa de pesca de atum estatal, há dois anos, tendo emprestado 850 milhões de dólares nos mercados internacionais de capitais com uma garantia do Estado para financiar uma frota de barcos de pesca. Mais tarde sucedeu que os fundos também foram usados para pagar por barcos de patrulha, levando o Governo a tomar 500 milhões de dólares para o seu próprio balanço, como despesas de defesa. O governo agora está a tentar reestruturar o empréstimo, estendendo o período de reembolso e negociar taxas de juros mais baixas.